A cidade de Quelimane acordou nesta segunda-feira com um espírito de indignação e coragem. Após o atentado a tiro que vitimou o cantor e activista Joel Amaral, mais conhecido como MC Trufafá, a população, liderada pelo edil Manuel de Araújo, decidiu erguer a voz contra a violência e exigir justiça.
A marcha de repúdio, convocada pelo Presidente do Município, decorreu com milhares de munícipes nas ruas, empunhando cartazes e entoando palavras de ordem contra o atentado e a crescente onda de insegurança que se vive na província da Zambézia. O edil classificou o ataque como um acto macabro e vergonhoso, apelando à união da população em torno da verdade, da paz e da vida.
“Não podemos permitir que tentem silenciar as vozes que defendem a justiça e a democracia. Marchamos por Trufafá, mas também por todos os que foram silenciados e por aqueles que continuam ameaçados pelo medo”, afirmou Araújo, numa mensagem comovente que foi aplaudida por todos os presentes.
A tentativa de assassinato de MC Trufafá não é um caso isolado. Vários cidadãos, incluindo figuras da sociedade civil e defensores dos direitos humanos, têm sido alvos de ameaças, perseguições e até mortes, sem que os casos sejam devidamente esclarecidos pelas autoridades competentes. O edil de Quelimane aproveitou a ocasião para lançar duras críticas às instituições de justiça, exigindo respostas concretas da PGR, PRM e SERNIC.
Num tom firme e indignado, Manuel de Araújo dirigiu também uma mensagem directa ao recém-empossado Presidente da República, Daniel Chapo, questionando a real eficácia dos acordos políticos celebrados com partidos da oposição. “Se estes acordos visam garantir estabilidade, então é hora de provar isso com acções e não apenas com discursos. O povo precisa de paz, e não de funerais por esclarecer”, declarou o edil.
Araújo apelou ainda para que organizações nacionais e internacionais possam entrar em campo e investigar os casos de assassinatos e atentados, como forma de garantir imparcialidade e celeridade nos processos.
A marcha, marcada por uma forte presença de jovens, artistas, jornalistas e activistas sociais, terminou com um minuto de silêncio em frente ao hospital onde Trufafá continua internado. A sua condição clínica ainda é considerada crítica, mas estável, segundo fontes locais.
Em Quelimane, a dor transformou-se em coragem. A cidade deu um exemplo claro de que o medo não vencerá a solidariedade, e que a justiça é um direito pelo qual vale a pena lutar.
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