Quando pensamos em acessar a internet, a imagem mais comum que nos vem à mente é a de redes Wi-Fi, torres de telecomunicação ou até satélites orbitando a Terra. Mas a verdadeira espinha dorsal da internet global está escondida onde poucos imaginam: no fundo do oceano. Enquanto você assiste a um vídeo, envia uma mensagem ou participa de uma videoconferência, seus dados estão viajando a altíssimas velocidades por milhares de quilômetros em cabos de fibra óptica submersos que conectam continentes inteiros.
Pouca gente sabe, mas mais de 95% do tráfego de internet internacional depende dessa vasta e silenciosa infraestrutura subaquática. Ao contrário da crença popular, satélites desempenham um papel muito menor nesse cenário. Eles são úteis, especialmente em áreas remotas, mas não têm a mesma capacidade, velocidade e confiabilidade que os cabos submarinos oferecem.
Esses cabos são verdadeiras maravilhas da engenharia moderna. Fabricados com camadas de proteção que incluem polímeros, aço e cobre, eles abrigam no interior filamentos finíssimos de fibra óptica capazes de transportar dados em forma de luz, a uma velocidade impressionante. E embora estejam localizados em ambientes extremos – com pressão altíssima, temperaturas baixíssimas e a presença de fauna marinha curiosa – funcionam de forma contínua e eficiente por anos.
O início dessa rede submersa remonta ao século XIX, com os primeiros cabos telegráficos submarinos. Hoje, essa tecnologia evoluiu drasticamente. Cabos modernos podem ter mais de 20 mil quilômetros de extensão e transmitir terabits de dados por segundo. Eles conectam cidades, países e continentes, garantindo que uma mensagem enviada de Moçambique cegue aos Estados Unidos em frações de segundo.
O interesse estratégico e econômico por essa infraestrutura é tão grande que gigantes da tecnologia como Google, Microsoft, Meta (Facebook) e Amazon investem bilhões de dólares na construção e manutenção de cabos próprios. Essas empresas não dependem mais apenas de operadoras de telecomunicação tradicionais; elas constroem seus próprios caminhos digitais no fundo do mar. Um exemplo é o cabo Dunant, do Google, que conecta os EUA à França com impressionantes 6.600 quilômetros de comprimento e capacidade de 250 terabits por segundo.
A instalação desses cabos envolve um planejamento minucioso. Primeiro, são feitos estudos de geografia submarina e segurança. Depois, navios especiais desenrolam os cabos no leito oceânico, garantindo que fiquem protegidos de riscos como terremotos submarinos, atividades vulcânicas e até âncoras de navios. Em regiões costeiras, os cabos são enterrados sob o solo do fundo do mar para maior proteção.
Apesar da robustez, esses cabos não são invulneráveis. Rompimentos ocorrem – muitas vezes causados por fenômenos naturais ou ações humanas – e podem afetar drasticamente a conectividade de uma região. Quando isso acontece, empresas e governos precisam agir rapidamente para restaurar os serviços, o que pode levar dias.
Portanto, da próxima vez que seu vídeo carregar instantaneamente ou sua chamada de vídeo com alguém do outro lado do mundo funcionar sem atrasos, lembre-se: por trás da aparente “mágica” do seu Wi-Fi, existe uma rede de cabos submarinos que opera silenciosamente no fundo do mar, garantindo que o mundo digital continue girando.
O Wi-Fi é só a ponta do iceberg. O verdadeiro coração da internet pulsa nas profundezas dos oceanos.
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