A Frelimo prepara-se para mais um encontro crucial esta semana, com um tema sensível no centro das discussões: a composição da nova Comissão Política. A IV Sessão Ordinária do Comitê Central, agendada para decorrer entre quinta-feira e sábado na Escola Central do Partido, na Matola, promete ser palco de decisões de grande impacto para o futuro da formação política que governa Moçambique desde 1975.
Se na sessão de Abril de 2024 a principal preocupação era a sucessão na liderança do partido, com destaque para a escolha do candidato presidencial, desta vez as atenções estão voltadas para a estruturação da Comissão Política. A questão foi levantada inicialmente pelo antigo Ministro da Defesa, Agostinho Mondlane, durante a III Sessão Extraordinária do Comitê Central, onde foram eleitos Daniel Chapo como Presidente do Partido e Chakil AbooBacar como Secretário-Geral.
Na reunião de 14 de Fevereiro, Mondlane desafiou a mesa do Comitê Central ao questionar a ausência do ponto relativo à eleição de uma nova Comissão Política na agenda. A preocupação foi partilhada por outros membros, mas na ocasião, Filipe Nyusi, então Presidente da Frelimo, não respondeu diretamente, optando por adiar a discussão para a sessão desta semana.
De acordo com os Estatutos da Frelimo, aprovados no XII Congresso realizado em Setembro de 2022, a Comissão Política deve ser eleita pelo Comitê Central. No entanto, o documento não especifica datas ou momentos obrigatórios para essa eleição, o que tem gerado incertezas e debates internos sobre o melhor momento para a recomposição do órgão.
Actualmente, a Comissão Política é composta por figuras de peso dentro do partido, incluindo Daniel Chapo, Chakil AbooBacar, Alberto Chipande, Filipe Paúde, Alcinda De Abreu, Verónica Macamo, Eneas Comiche, Margarida Talapa, Tomaz Salomão, Aires Ali, Ana Comoana, Francisco Mucanheia, Nyelete Mondlane, Esperança Bias, Damião José, Amélia Muendane e Celso Correia. O órgão também incluía os falecidos Fernando Faustino e Manuel Tomé. Para além destes, Benvinda Levi e Feliz Sílvia fazem parte da Comissão sem direito a voto, conforme estipulado pelos Estatutos, que garantem assento sem direito a voto ao Presidente da Assembleia da República, ao Primeiro-Ministro e ao Chefe da Bancada Parlamentar da Frelimo, caso sejam membros do partido.
Outro ponto de grande relevância nesta IV Sessão Ordinária será a eleição dos membros do Secretariado do Comitê Central. Durante os três dias de encontro, os 254 membros efectivos do Comitê Central irão eleger responsáveis para diferentes áreas-chave, incluindo Administração e Finanças, Organização do Partido, Comunicação e Imagem, Formação e Quadros, Assuntos Parlamentares e Governação Descentralizada, Mobilização e Organizações Sociais, e Relações Exteriores.
Para além das eleições internas, a sessão também irá abordar o actual contexto político, social e económico do país, num momento marcado por protestos pós-eleitorais e pelo balanço das VII Eleições Gerais e IV Provinciais. Estas eleições consolidaram Daniel Chapo na Presidência e garantiram à Frelimo uma maioria parlamentar, assegurando o controlo sobre todas as províncias do país.
O desfecho deste encontro poderá definir não apenas os rumos internos da Frelimo, mas também influenciar de forma significativa o futuro político de Moçambique nos próximos anos.
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