Seis meses já se passaram desde que o Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE) ficou sem liderança oficial, após a morte trágica de Bernardo Lidimba, vítima de um acidente de viação ocorrido a 3 de Novembro de 2024, no distrito de Mapai, província de Gaza. Desde então, o país tem vivido um vazio numa das instituições mais sensíveis e estratégicas para a defesa e soberania nacional.

O SISE, conhecido pela sua actuação discreta mas determinante nos bastidores do Estado, é responsável por garantir a segurança nacional, combater ameaças internas e externas e proteger os interesses do país. A ausência de um Director-Geral efectivo levanta preocupações legítimas sobre a capacidade actual do organismo em responder eficazmente aos desafios de segurança, num contexto global cada vez mais instável e digitalizado.

Enquanto se aguarda pela nomeação do novo timoneiro, especulações aumentam sobre os motivos do atraso. Há quem fale de disputas políticas internas, jogos de influência e indecisão ao mais alto nível. Certo é que o silêncio das autoridades sobre este vazio institucional tem sido tão ensurdecedor quanto preocupante.

A ausência de liderança não afecta apenas o funcionamento técnico do SISE. A nível estratégico, cria-se um clima de incerteza em sectores-chave como a segurança cibernética, o controlo do crime organizado, a inteligência económica e a vigilância contra o terrorismo. Sem uma cabeça visível e orientadora, os riscos de descoordenação aumentam, e com eles a vulnerabilidade do próprio Estado.

Bernardo Lidimba era considerado um quadro experiente, com conhecimento profundo dos meandros da segurança nacional. A sua morte inesperada criou um vazio difícil de preencher, mas a demora na substituição do seu posto apenas reforça as fragilidades do sistema de sucessão dentro das instituições do Estado moçambicano.

Analistas políticos alertam que, num país onde os equilíbrios entre poder visível e invisível são delicados, manter uma estrutura como o SISE sem direcção por tanto tempo pode gerar riscos não só para a segurança nacional, mas também para a estabilidade política. Numa altura em que o país se prepara para desafios internos e externos – desde eleições à gestão de conflitos regionais e interesses internacionais em recursos naturais – a inteligência estatal não pode andar à deriva.

O cidadão comum pode até não sentir no dia-a-dia os efeitos imediatos desta ausência, mas os impactos a médio e longo prazo podem ser significativos. A segurança de um país não se garante apenas com armas ou fronteiras, mas com inteligência, liderança e decisão.

É urgente, portanto, que as autoridades tomem uma posição clara e nomeiem um novo Director-Geral para o SISE. O país não pode continuar a operar no escuro, quando o mundo gira com olhos atentos e estratégias bem definidas. O silêncio do poder invisível precisa de ser quebrado – e a liderança restaurada.

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