Um grupo de estudantes da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), provenientes de diversas províncias do país e matriculados na Faculdade de Educação, denuncia uma série de irregularidades que estão comprometendo seus estudos e futuros acadêmicos. Os alunos do curso de Licenciatura em Organização e Gestão da Educação (LOGED), na modalidade de Ensino à Distância (EaD), pertencentes aos grupos de 2018, 2019, 2020 e 2021, relatam dificuldades extremas para concluir o curso.
Segundo os estudantes, um dos principais problemas enfrentados é a demora excessiva na atribuição de supervisores para a orientação de suas dissertações. O processo pode levar anos, e, mesmo quando os supervisores são designados, muitos deles não oferecem o suporte necessário para que os alunos possam concluir seus trabalhos. “A realidade na UEM é outra do que esperávamos. Aqui, para defender uma monografia, pode-se levar até nove anos, mesmo tendo concluído todas as disciplinas dentro do prazo previsto de quatro anos”, afirmam.
Os estudantes destacam que ingressaram na UEM confiando na qualidade académica da instituição, mas hoje sentem-se desamparados e frustrados. A maioria são professores, que, com salários baixos, viram na formação superior uma esperança para melhorar suas condições de vida. No entanto, a demora na conclusão do curso tem gerado impactos financeiros, psicológicos e profissionais.
Outro problema relatado está ligado à gestão financeira da universidade. Muitos estudantes enfrentaram bloqueios no Sistema Integrado de Gestão Académica (SIGA) devido a dívidas acumuladas, causadas, em parte, por falhas administrativas da própria UEM. “Houve momentos em que a universidade deixou de gerar faturas, tanto no sistema quanto por SMS. Isso resultou em bloqueios para inscrição em disciplinas, obrigando muitos de nós a recorrer a empréstimos bancários para regularizar as matrículas”, denunciam os estudantes.
Com a previsão de retomada dos atos administrativos do governo, muitos desses estudantes esperavam mudar de carreira e obter promoções em seus empregos. No entanto, devido à demora na defesa de suas monografias, esse sonho está cada vez mais distante. “Tudo indica que nem este ano conseguiremos defender. Pedimos urgentemente a intervenção das autoridades competentes para garantir que nossos direitos sejam respeitados. Nós também merecemos ser licenciados!”, clamam.
Os estudantes afirmam que têm buscado soluções junto à direção da faculdade e ao coordenador do curso, mas sem sucesso. “A resposta é sempre a mesma: ‘estamos a trabalhar no assunto’. Mas os anos passam e a situação continua a mesma”, lamentam.
A Universidade Eduardo Mondlane ainda não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias. Enquanto isso, os estudantes seguem mobilizados e esperançosos por uma resposta que traga justiça e solucione o impasse acadêmicamente e administrativamente.
(Reportagem em desenvolvimento. Novas informações serão acrescentadas conforme a investig
ação avança.)
Share this content: