A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) está em busca de 250 ex-combatentes desmobilizados, atualmente incontactáveis, com o objetivo de garantir o pagamento das pensões a que têm direito no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). A preocupação foi manifestada recentemente em conferência de imprensa realizada na cidade da Beira, província de Sofala.
Durante o encontro com os jornalistas, o Chefe da Comissão dos Assuntos Militares da RENAMO no processo DDR, André Magibire, alertou para a crescente dificuldade em localizar os referidos membros, situação que compromete o avanço regular do pagamento das pensões aos desmobilizados. Segundo explicou, esses 250 antigos guerrilheiros estão registados como beneficiários do processo de reintegração, mas até ao momento não foi possível estabelecer qualquer tipo de contacto com eles.
“Estamos profundamente preocupados com o paradeiro desses compatriotas que lutaram ao lado da RENAMO. O nosso compromisso com eles é garantir que recebam os seus direitos, especialmente as pensões prometidas. No entanto, o facto de estarem incontactáveis está a dificultar todo o processo”, afirmou Magibire.
A situação é agravada pelo clima interno de instabilidade que a RENAMO tem vindo a enfrentar nos últimos meses. Segundo Magibire, a tensão gerada por divergências políticas internas, nomeadamente a contestação à liderança de Ossufo Momade, levou ao encerramento de algumas delegações provinciais, o que também afeta diretamente a capacidade de localização e acompanhamento dos desmobilizados.
“Infelizmente, a crise interna que atravessamos, marcada pelo descontentamento de alguns membros e pelo encerramento de estruturas locais, está a colocar obstáculos adicionais na gestão do processo DDR. Muitos dos nossos camaradas vivem em zonas remotas ou mudaram de localidade sem deixar qualquer rastro, e sem o apoio das delegações locais torna-se ainda mais difícil encontrá-los”, acrescentou.
Com o objetivo de restaurar a harmonia dentro do partido e garantir que os processos administrativos não sejam comprometidos, Magibire propõe a realização urgente de uma reunião de quadros, onde os diferentes segmentos do partido possam dialogar abertamente. A ideia é criar um espaço de reconciliação e escuta mútua, onde os membros tenham a oportunidade de apresentar as suas preocupações, sugestões e críticas, promovendo assim um ambiente de unidade.
“Estamos a apelar a uma reunião franca, transparente e inclusiva entre os quadros da RENAMO, para que possamos resolver os nossos problemas internos. A paz interna é fundamental não só para o funcionamento do partido, mas também para honrarmos os compromissos assumidos com os nossos combatentes”, concluiu.
A RENAMO reafirma o seu compromisso com a conclusão bem-sucedida do processo DDR e com a reintegração digna de todos os seus ex-combatentes. Magibire deixou ainda um apelo público aos 250 desmobilizados desaparecidos ou a quem tenha informações sobre eles, para que entrem em contacto com as estruturas do partido ou com os canais oficiais do DDR, de modo a possibilitar a regularização do pagamento das pensões.
O processo DDR é parte fundamental do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em 2019 entre o governo moçambicano e a RENAMO, e tem como finalidade a reintegração social, econômica e política dos antigos guerrilheiros. O sucesso deste processo depende não apenas do apoio institucional, mas também da estabilidade interna do próprio partido e da colaboração ativa de todos os envolvidos.
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